quinta-feira, 10 de julho de 2008

Maria Filomena Mónica e as Pós-Graduações

Não é que seja do contra, mas tenho alguma tendência a correr sozinho. Ainda assim, desta vez tenho que dizer que... wtf?

Ontem, num especial sobre o Estado da Nação, Maria Filomena Mónica (em diante, Filoménica) dizia que a perspectiva de desemprego faz com que os jovens adiem a sua entrada no mercado de trabalho, tentando a via académica, investindo tempo em mestrados e doutoramentos. Isto sai muito caro ao Estado pois a FCT é generosa nas bolsas de estudo. Factos que corroborem isto? Os alunos de mestrado e doutoramento da Filoménica!

Pergunta 1: Quais alunos?

Mais diz a nossa Filoménica que estas pessoas não têm vocação para estar fechadas na Biblioteca Nacional o dia todo ou em laboratórios. 

Perguntas 2 e 3: a Filoménica frequentou a Faculdade de Letras e fez críticas muito legítimas à instituição e ao meio académico português: 
2 a) a Filoménica acha que os alunos têm a noção exacta do que é investigação antes do mestrado? 2 b) se não têm, como podem aferir da sua vocação?
3 a) não vê a Filoménica que muitos mestrados hoje não são propriamente de investigação, mas correspondem antes a necessidades de especialização do mercado? Basta ver a quantidade de MBA e de LLM que existem! 3 b) Não podendo os alunos europeus, por norma, escolher diversas cadeiras de diversos cursos, antes sendo espartilhado por um curso que tudo define, não percebe a Filoménica que os mestrados, outras vezes, acabam por ser uma maneira dos alunos estudarem algo diferente do curso hermético que fizeram e que resulta de uma escolha "para a vida" feita em plena incapacidade aos 14  ou 15 anos? 

Pergunta 4 a) a Filoménica sabe que não há bolsas de mestrado? b) não as devia haver, especialmente, quando há necessidades de especialização ou quando o mestrado corresponde a «novas oportunidades» para alunos que em licenciaturas na área das Humanidades, tendo sido brilhantes, ainda assim não encontram emprego à altura?


E mais perguntas poderiam ser feitas à nossa Investigadora Jubilada que, com certeza, teria para elas resposta depois de uma aprofundada e jubilada investigação. Sendo certo que há que ter em conta que não basta criticar e que por criticáveis que sejam as soluções, até mesmo as soluções esranhas e pontuais podem vir a ser melhores que fazer alterações profundas que só se reflictam no futuro: é que, entretanto, há gente que já foi prejudicada e cuja situação não melhora só porque se melhora a situação dos futuros estudantes… só se vive uma vez e não se pode consentir que o Estado responda a esta gente "tough luck! agora vai lavar as escadas!"

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