sábado, 5 de setembro de 2009

mestria

Já agora, a razão pela qual eu não posso senão fazer a tese e sair mestre é a seguinte:

Estou totalmente dependente dos meus pais e um emprego tipo call-center, mesmo se eu o quisesse, incapaz de pagar a casa e de pagar de algum modo este sofrimento pós-lincenciatura dos meus pais mantinha-me preso tal e qual preso como estou, com a agravante de tornar mais óbvia a perda do tempo e dinheiro investidos. Como também nenhum escritório se mostrou interessado em mim (e vá-se lá perceber porque é que eles me queriam antes das pós-graduações e não me querem depois) não tenho outro caminho. Também já percebi que não tenho grande jeito para isto da investigação e com jeito digo também paciência: eu não consigo ler 10 pp seguidas de um romance sem me distrair, sem ter vontade de pousar o livro... paro de ler qualquer texto académico a cada duas páginas, interrompe-se-me o pensamento com ninharias e recriminações. Quer me interesse pelo tema ou não. Às vezes, nem notícias consigo ler e, por isso, mal leio jornais. Só me resta o trabalho mecânico, trabalho mal pago e que enche de tédio mas exigirá menos concentração que ler. Ainda assim, keeping up appearances, lá vou concorrer ao CEJ: se a Justiça em Portugal está mal, se entrar, mais um mau juiz não há-de fazer muita diferença e, na verdade, a justiça particular, do caso concreto, sempre me interessou muito pouco. Deixá-los matarem-se ou morrerem. Que roubem. Tudo isso está para lá do que me interessa - que me interessa? A justiça mais global, a justiça política, vai deixando de me interessar. São apenas aborrecimentos mesquinhos, desde as fábricas asiáticas, à Birmânia, à Etiópica, aos nossos amigos americanos. Se se morre com tudo na mesma. Um casebre no meio do dada era o ideal: até me que viessem roubar e me matassem. Assim não houvesse quem se preocupasse comigo e, até lá, era aquilo que se podia ter de mais parecido com a paz, que vem depois.

Não me zango com o meu próprio entorpecimento. Para quê?

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