Quando em 2006 aprendi que, com alguma tolerância, é permitido desistir das coisas, temia que a vontade, a possibilidade de repetir o acto, quase sempre mascarado de coragem, me afrontasse mais vezes o espírito. Assim em 2008. Assim em 2009. Em 2007 não havia nada de que deixar para trás. Contudo, houve um acto de recusa que se assemelha tanto ao acto passado como aos actos futuros.
Apetece-me, pois, dizer "não dá, não consigo nem vale a pena." Apetece-me dizer "não consigo, desculpem, mas já não consigo". E dizer ainda "obrigado, mas não consigo, não vale a pena." E, aos devaneios constantes, pequenos prazeres que afastam o sono e me deixam, como que num limbo, suspenso de tudo o resto "podem ir, obrigado, já são impossíveis." Enquanto percorro mentalmente a lista de coisas a que dizer adeus ‒ a começar pelos livros da biblioteca ‒, imagino a mentira que é pensar-se numa vida mais simples à espera, no fim de tudo.
Apetece-me, pois, dizer "não dá, não consigo nem vale a pena." Apetece-me dizer "não consigo, desculpem, mas já não consigo". E dizer ainda "obrigado, mas não consigo, não vale a pena." E, aos devaneios constantes, pequenos prazeres que afastam o sono e me deixam, como que num limbo, suspenso de tudo o resto "podem ir, obrigado, já são impossíveis." Enquanto percorro mentalmente a lista de coisas a que dizer adeus ‒ a começar pelos livros da biblioteca ‒, imagino a mentira que é pensar-se numa vida mais simples à espera, no fim de tudo.