segunda-feira, 7 de setembro de 2009

i run, i run, i run

Quando em 2006 aprendi que, com alguma tolerância, é permitido desistir das coisas, temia que a vontade, a possibilidade de repetir o acto, quase sempre mascarado de coragem, me afrontasse mais vezes o espírito. Assim em 2008. Assim em 2009. Em 2007 não havia nada de que deixar para trás. Contudo, houve um acto de recusa que se assemelha tanto ao acto passado como aos actos futuros.

Apetece-me, pois, dizer "não dá, não consigo nem vale a pena." Apetece-me dizer "não consigo, desculpem, mas já não consigo". E dizer ainda "obrigado, mas não consigo, não vale a pena." E, aos devaneios constantes, pequenos prazeres que afastam o sono e me deixam, como que num limbo, suspenso de tudo o resto "podem ir, obrigado, já são impossíveis." Enquanto percorro mentalmente a lista de coisas a que dizer adeus ‒ a começar pelos livros da biblioteca ‒, imagino a mentira que é pensar-se numa vida mais simples à espera, no fim de tudo.

sábado, 5 de setembro de 2009

mestria

Já agora, a razão pela qual eu não posso senão fazer a tese e sair mestre é a seguinte:

Estou totalmente dependente dos meus pais e um emprego tipo call-center, mesmo se eu o quisesse, incapaz de pagar a casa e de pagar de algum modo este sofrimento pós-lincenciatura dos meus pais mantinha-me preso tal e qual preso como estou, com a agravante de tornar mais óbvia a perda do tempo e dinheiro investidos. Como também nenhum escritório se mostrou interessado em mim (e vá-se lá perceber porque é que eles me queriam antes das pós-graduações e não me querem depois) não tenho outro caminho. Também já percebi que não tenho grande jeito para isto da investigação e com jeito digo também paciência: eu não consigo ler 10 pp seguidas de um romance sem me distrair, sem ter vontade de pousar o livro... paro de ler qualquer texto académico a cada duas páginas, interrompe-se-me o pensamento com ninharias e recriminações. Quer me interesse pelo tema ou não. Às vezes, nem notícias consigo ler e, por isso, mal leio jornais. Só me resta o trabalho mecânico, trabalho mal pago e que enche de tédio mas exigirá menos concentração que ler. Ainda assim, keeping up appearances, lá vou concorrer ao CEJ: se a Justiça em Portugal está mal, se entrar, mais um mau juiz não há-de fazer muita diferença e, na verdade, a justiça particular, do caso concreto, sempre me interessou muito pouco. Deixá-los matarem-se ou morrerem. Que roubem. Tudo isso está para lá do que me interessa - que me interessa? A justiça mais global, a justiça política, vai deixando de me interessar. São apenas aborrecimentos mesquinhos, desde as fábricas asiáticas, à Birmânia, à Etiópica, aos nossos amigos americanos. Se se morre com tudo na mesma. Um casebre no meio do dada era o ideal: até me que viessem roubar e me matassem. Assim não houvesse quem se preocupasse comigo e, até lá, era aquilo que se podia ter de mais parecido com a paz, que vem depois.

Não me zango com o meu próprio entorpecimento. Para quê?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Ora se eu tenho pouca paciência para ler...

why bother...